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Golpe do falso advogado é aplicado em grandes escritórios

Criminosos utilizam logomarcas de bancas e dados de processos para ludibriar vítimas

5 de agosto de 2022

Um novo golpe atinge cada vez mais escritórios de advocacia pelo país. Segundo reportagem do Valor, fraudadores vêm se passando por advogados e pedido a clientes, por WhatsApp, o pagamento de quantias para levantamento de valores na Justiça ou fechamento de acordos em ações de cobrança. É o chamado “golpe do falso advogado”, que ganhou mais alvos nos últimos meses.

O esquema é sofisticado. Os criminosos utilizam logomarcas de bancas, dados de advogados e de processos reais para ludibriar as vítimas.

O escritório Nelson Wilians Advogados, que possui 25 mil clientes e 500 mil processos distribuídos pelo país, vem tendo o nome usado em tentativas de golpe desde o início do ano. Existem três inquéritos policiais abertos para apurar os casos.

A banca atua para instituições financeiras na recuperação de crédito e cobrança. Golpistas vêm acionando devedores por aplicativos de mensagens. Condicionam propostas de acordo à antecipação de valores, como custas judiciais.

“É uma fraude gritante para quem tem conhecimento. Mas os fraudadores lidam com pessoas simples”, afirmou Nelson Wilians ao jornal. “Pagamentos são feitos sempre através do processo e depositados na conta do cliente. Não lidamos com dinheiro nenhum de cliente.”

Segundo o sócio Fernando Parro, as primeiras evidências de que o nome da banca vinha sendo utilizado para tentativas de golpe surgiram no início do ano. Foi quando cartas começaram a ser devolvidas pelos Correios à sede do escritório em São Paulo. Eram correspondências enviadas pelos golpistas a mutuários com dívidas com clientes do escritório informando sobre propostas de acordo. Muitos endereços de devedores estavam desatualizados, daí a devolução das cartas.

O remetente previa o endereço da sede do escritório. Mas internamente os fraudadores indicavam que a pessoa entrasse em contato com um número de DDD 018 ou um e-mail de domínio “gmail”. Em alguns casos, diz Parro, os devedores chegaram a fazer pagamentos em contas indicadas pelos golpistas.

“Para tentar dar mais veracidade, eles diziam que o contato seria parte de uma parceria com o tribunal de justiça. É comum os tribunais fazerem mutirões de acordo, mas essa comunicação acontece sempre por meio de intimação aos advogados do processo”, afirma.

Ao Valor, o delegado Thiago Cirino de Moura Chinellato disse que, pelas investigações em andamento, os fraudadores buscam as informações sobre os advogados e processos reais – que dão o verniz de veracidade à narrativa – nas mais variadas plataformas disponíveis na internet.

Segundo ele, o uso do WhatsApp para comunicação com os clientes, por si só, não é ruim. Mas o advogado deve esclarecer o cliente sobre o tipo de contato que será feito por esse meio. “Ele pode pedir documentos ou informar sobre o andamento de um processo, mas nunca cobrar uma quantia para liberação de valores discutidos judicialmente”, disse.

Para os clientes, o delegado aponta que não devem efetuar qualquer pagamento ou assumir compromissos financeiros antes de entrar em contato com o advogado real por outros meios, como uma ligação ou uma visita ao escritório.

 

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