O pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) atacou o Grupo Prerrogativas em entrevista à revista Veja, publicada na sexta-feira (14).
“Há um grupo de advogados, como esse Prerrogativas, trabalhando pela impunidade de corruptos. Esses mesmos advogados se arvoram de alguma espécie de ética, de alguma espécie de superioridade moral em relação ao Ministério Público e em relação aos juízes que participaram desses casos. No fundo a vergonha está neles”, disse o ex-juiz.
Em junho do ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou Moro suspeito para julgar o ex-presidente Lula no caso do tríplex do Guarujá (SP). Com a decisão, as acusações contra o petista foram anuladas.
Profissionais que compõem o Grupo Prerrogativas convidaram Moro para um debate público sobre as ilicitudes da operação “lava jato”, mas ele rejeitou. “Vejo que o clube dos advogados pela impunidade quer debater. Desculpem, mas este é um clube do qual não quero participar. Mas debato com o chefe de vocês, o Lula, a qualquer hora, sobre o mensalão e o petrolão”, escreveu em seu perfil no Twitter.
À ConJur, o jurista Lenio Streck comentou as declarações. “Moro é uma figura bizarra. Conseguiu fazer o máximo: ser declarado parcial. É a desgraça para um juiz. Fosse padre e seria herege. A diferença é que a igreja expulsa hereges. O CNJ deveria ter punido Moro. É um péssimo exemplo de juiz”, afirmou.
Já para o criminalista Conrado Gontijo, doutor em Direito Penal Econômico pela USP, os ataques de Moro comprovam o seu “absoluto desapreço pela democracia e pelo direito de defesa”. “A atuação — enviesada, suspeita, ilegal — dele na condução da (…) lava jato deixava isso muito claro: ele jamais foi juiz. Era um tirano com a toga, que agiu unicamente para a satisfação dos seus inescrupulosos interesses políticos, em desrespeito flagrante à lei e à Constituição. Suas falas recentes sobre o Grupo e sobre a advocacia apenas confirmam que Sergio Moro não é — e nunca foi — digno da menor credibilidade e respeito”.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil