Opinião

Inteligência Artificial em mercado securitário prevê riscos

SRO é um ponto de inflexão na transformação tecnológica do setor

9 de outubro de 2020

Por Wilson Sales Belchior*

Artigo publicado originalmente na Revista Cobertura

O Sistema de Registro de Operações (SRO) é um ponto de inflexão na transformação tecnológica do setor de seguros no Brasil. Isso porque supera-se o modelo de coleta manual de dados, garantindo o acesso em tempo real a informações e a identificação de exposições a risco. Igualmente, é relevante o esforço de padronização das apólices e cadastros, com atualizações simultâneas aos eventuais sinistros.

O mais importante, sem dúvidas, é a estruturação de uma base de dados ampla, robusta, confiável e atualizada continuamente com os eventos e as transações relacionadas às operações de seguros, previdência complementar aberta, capitalização e resseguros. Essa mudança produz efeitos diretos na diversificação dos produtos disponibilizados aos usuários, na expansão da competitividade no mercado e na ampliação da transparência nas operações.

O SRO é um exemplo da compreensão dos dados enquanto ativo estratégico, contexto em que surgiu a expressão “datafication”. Aplicada ao ambiente de negócios, transforma as interações que ocorrem nesse espaço em formato quantificado, que permite a estruturação e a análise.

Já se fala inclusive em “obsessão por coleta de dados” – claro sem esquecer a conformidade perante as legislações de privacidade e proteção de dados -, mas o aspecto nevrálgico é a importância desse ativo para o mercado de seguros. O SRO, nesse sentido, configura ponto de inflexão, porquanto instrumentaliza e facilita a avaliação sistemática de dados disponíveis e acessíveis aos players do mercado.

Constatação que se alinha ao reconhecimento de que as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), são fatores competitivos importantes, com valor estratégico. Falar sobre IA é tratar de dados e algoritmos. É importante potencializar as suas combinações, por instrumentos técnicos, para aperfeiçoar modelos de negócios e solucionar problemas.

Existem vários exemplos de aplicações concretas, além da otimização dos serviços e processos existentes, as quais possibilitam segmentação de mercado, planejamento de cenários, desenvolvimento de produtos, detecção de fraudes e automação de atendimento ao cliente e de preços.

No mercado de seguros, a IA pode prever prêmios a partir de avaliações de risco passadas, automatizar a gestão de investigações e a tomada de decisões em solicitações de sinistro, detectar fraudes pela análise de chamadas de voz e organizar agrupamento de riscos mais bem delineados, entre outras funcionalidades.

Essas novas perspectivas no mercado de seguros também são observadas nas InsurTechs. Pretende-se alterar modelos de negócios tradicionais, por meio das novas tecnologias, e criar experiências personalizadas para os usuários a partir da simplificação e digitalização de procedimentos. Resultados: redução de custos, aumento da rapidez, de transparência e a expansão da competitividade.

Na trajetória de transformação tecnológica do mercado securitário em que o SRO é ponto de inflexão, evidencia-se diferentes variáveis que prometem impactar o setor, tais como: automação dos processos estimulada por smart contracts hospedados em protocolos blockchain, estratégias de inovação colaborativas, modelos de compartilhamento aberto de dados e surgimento de produtos mais intuitivos e sob demanda. 

 

Wilson Sales Belchior é sócio do escritório Rocha, Marinho e Sales Advogados e conselheiro Federal da OAB.

 

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