Recente estudo do ITCN (Instituto de Estudos Estratégicos de Tecnologia e Ciclo do Numerário) sobre os custos embutidos no uso do Pix foi mencionado em artigo do especialista britânico Ron Delevo, publicado na última edição da revista “The PayTech Magazine” (Edição 25). A conceituada publicação é especializada em tecnologia aplicada a meios de pagamento. O artigo aborda a problemática de acesso à tecnologia e serviços bancários no mundo. E destaca que a pesquisa do ITCN apontou que os brasileiros que ganham um salário mínimo “precisariam comprometer cerca de 20% de sua renda para pagar a tecnologia necessária para usar o Pix”.
Desenvolvido em 2022, o estudo do ITCN revelou duas grandes barreiras para a adoção do ecossistema Pix — desenvolvido pelo Banco Central do Brasil — por ampla fatia da população brasileira: o alto preço de um smartphone capaz de acessar os aplicativos das instituições financeiras e, ainda, a despesa envolvida na compra de pacotes de dados para utilização desses aplicativos.
Para Ron Delevo, isso provavelmente explica também porque, hoje, o uso do Pix no Brasil “é muito maior entre os jovens de 18 e 24 anos, os mais escolarizados e de famílias de maior renda. Dados do Bacen revelam que, embora existam nominalmente 131 milhões de usuários do Pix, só três milhões — menos de 2% da população brasileira — realmente fazem mais de 30 transações do Pix por mês”.
O articulista afirma que também preocupa o fato de que o Pix, de propriedade estatal, não incentiva a concorrência no mercado de serviços financeiros. E conclui: “Superficialmente, a propriedade estatal pode, neste estágio, parecer benéfica, porque o Pix atualmente não cobra taxas. Porém, é óbvio que alguém terá que pagar a conta pela arquitetura mais segura que precisará ser desenvolvida para proteger o sistema Pix de atividades criminosas. Qual é a aposta de que será o público brasileiro, pressionado, que finalmente pagará essa conta? Mas, felizmente, o público brasileiro ainda tem opções de pagamento. E essa escolha fez com que o dinheiro vivo continuasse a liderar o caminho como meio de pagamento que dá às pessoas controle máximo sobre seus orçamentos domésticos, auxiliado pelo fato de que os usuários de dinheiro ainda podem reivindicar descontos dos comerciantes.”