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Contratação de Moro por administradora da Odebrecht gera controvérsias

Advogados apontaram possíveis violações éticas de ex-juiz

1 de dezembro de 2020

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ex-ministro Sergio Moro informou, no último domingo (29), que assumirá um cargo na consultoria norte-americana Alvarez and Marsal. Ele deverá atuar na área de Disputas e Investigações. A empresa-norte-americana é a administradora judicial da Odebrecht, uma das companhias mais afetadas pela Lava Jato, operação que o ex-juiz foi um dos seus maiores representantes.

A Alvarez and Marsal também faz assessoria financeira na recuperação da Sete Brasil, além de ter sido contratada pela Queiroz Galvão para reestruturação do grupo. Ambas as empresas estão em situação delicada após serem alvos do consórcio de Curitiba.

Advogados ouvidos pela ConJur apontaram possíveis violações éticas de Moro. “Enquanto magistrado, Moro teve acesso a inúmeros elementos de prova, até hoje não publicizados. Sem dúvida alguma, esses elementos podem estar motivando novas linhas investigativas que, para o público em geral, permanecem em sigilo. Com base no acesso a tais documentos, poderá estruturar para Odebrecht, inúmeras linhas defensivas de compliance que jamais seriam possíveis em outro cenário”, explica Daniel Gerber, criminalista com foco em gestão de crises e compliance político e empresarial.

João Batista Augusto Junior, criminalista sócio do Bialski Advogados, avalia a situação como inusitada. “Pois ele atuou como juiz em processos envolvendo a citada empresa e seus dirigentes. A questão é polêmica e deve ser acompanhada de perto pela OAB, já que o ex-juiz é, atualmente, advogado”, argumenta.

O constitucionalista Adib Abdouni lembra que “enquanto magistrado, o ex-juiz federal demonstrou pouco apreço em garantir a sobrevivência da empresa envolvida em corrupção, preocupando-se mais com o encarceramento a qualquer custo de seus diretores, sem velar pela adoção de mecanismos mais seguros de preservação da companhia e da continuidade de suas atividades, o que desaguou em um inevitável e complexo processo de recuperação judicial”.

 

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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