Por Emanoelton Borges*
Como uma pesquisa com mil pessoas ou 2 mil indivíduos pode estimar os votos de 156 milhões de eleitores? E por que os resultados das urnas nem sempre batem com o que indicavam os levantamentos? Muitas pessoas se perguntam sobre o funcionamento e os resultados das pesquisas, especialmente quando uma nova eleição se aproxima. É comum o tema gerar desconfiança e questionamentos, ainda mais de quem aparece mal posicionado na corrida eleitoral.
Mas pode confiar. No Brasil, existem institutos especializados nesses estudos e, na maioria das vezes, os resultados condizem com o que foi apurado nas ruas. Para as entidades que fazem esse trabalho, é muito importante seguir critérios rígidos para espelharem a realidade das urnas. Mesmo porque essa é a ciência que perpetua a organização no mercado.
A questão é que, ao contrário do que o senso comum pode sugerir, pesquisas eleitorais não servem para prever o resultado da eleição. O objetivo principal é medir a intenção de voto no momento em que são feitas as entrevistas. Como o eleitor pode mudar de ideia até a hora de entrar na cabine de votação, nada garante que uma pesquisa feita meses, semanas, ou mesmo dias antes, terá o mesmo resultado final.
Para isso, existem dois métodos: o quantitativo, que faz um levantamento numérico dos votos para cada candidato, e o qualitativo, que traz percepções mais sensíveis e abrangentes, com análise do perfil e da intenção do eleitor. Hoje, as entrevistas acontecem presencialmente ou por telefone. A presencial tem mais confiabilidade e gera mais assertividade, devido a uma fidelidade maior em relação ao perfil do entrevistado.
Mas como uma ação feita com centenas ou milhares de pessoas pode ser termômetro geral? Esse conjunto de pessoas entrevistadas é chamado de amostra. Para que esse grupo represente bem todo o universo de eleitores, é preciso que reproduza a composição e a distribuição do eleitorado. No caso do Brasil, a população é bastante heterogênea e é preciso que sua composição reflita essa realidade. Assim, quanto maior a amostra, menor a margem de erro.
Além dos cuidados na composição dos entrevistados e na escolha dos locais das pesquisas, os institutos também devem adotar estratégias para evitar favorecer alguém. A pergunta sobre a intenção de voto, por exemplo, deve ser feita de forma neutra, sem direcionar a resposta para um ou outro concorrente. Para isso, os nomes dos candidatos não podem ser apresentados em ordem fixa, pois os primeiros da lista seriam mais escolhidos.
Uma dica para garantir mais confiança na sua consulta é sempre olhar para o instituto de pesquisa. Estudos sérios sempre informam os dados do perfil da amostra. É possível checar essa composição no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em que estão os registros e o questionário de todas as pesquisas oficiais.
O ponto é que, as pessoas não devem encarar as pesquisas como uma “previsão do futuro”, mas sim como uma bússola para entender o potencial de crescimento de cada candidato, principalmente quando a série histórica é levada em consideração. O caráter analítico é profundo e viabiliza o estudo das opções do eleitor de forma democrática e livre.
*Emanoelton Borges é CEO da Alfa Inteligência
Foto: Marri Nogueira/Agência Senado