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IBCCRIM elabora carta aos candidatos à Presidência da República

Documento reúne 12 pautas prioritárias em segurança pública e aprimoramento do sistema penal

26 de setembro de 2022

Uma carta aberta, com indicações de 12 pautas prioritárias em segurança pública e aprimoramento do sistema penal sugeridas para serem tratadas nos próximos anos, será entregue pela presidente do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), Marina Coelho Araújo, a todos os candidatos à Presidência da República.  O documento aponta 74 ações possíveis para lidar com temas que vão da violência doméstica à ação de milícias.

O IBCCRIM reúne milhares associados em todo o país, entre eles o criminalista e vice-presidente Alberto Toron, o jurista Alberto Silva Franco e a presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Maria Thereza Rocha de Assis Moura.

O documento, com 21 páginas, está dividido em três áreas: Segurança Pública, Atividade Legislativa, e Executivo e Políticas Públicas. Para cada uma delas, o IBCCRIM propõe ações a serem desenvolvidas tanto pelo governo federal como em parcerias com as unidades da Federação.

“Neste importante ano eleitoral, entendemos ser necessário traçar uma agenda de governo atenta à garantia de direitos fundamentais e que busque enfrentar a criminalidade de modo efetivo e racional, principalmente pela via da prevenção. Não há vencedores quando o Direito Penal serve exclusivamente ao encarceramento desmedido, sem objetivos claros, com perspectivas simbólicas. Ao final, converte-se apenas em mais criminalidade e reprodução de violências”, afirma o IBCCRIM no documento.

No capítulo dedicado à segurança pública, o IBCCRIM apresenta propostas de investimento em coleta de dados; fortalecimento, valorização e reestruturação da atividade policial, e controle interno e externo da atividade policial, âmbito no qual se inserem propostas combater a letalidade policial.

O IBCCRIM dedica um item específico sobre “Seletividade policial e racismo”, pedindo que seja reconhecido o elemento racial como determinante para a execução de chacinas, operações policiais malsucedidas, abusos de autoridade e afins, e sugerindo, ainda reforço na formação humanística voltada a fomentar as capacidades e habilidades para lidar com a “população culturalmente heterogênea, de diversidade de perfis e formada por distintos públicos vulnerabilizados e estigmatizados historicamente”.

O tema tráfico de drogas abre o capítulo sobre Atividade Legislativa, pedindo alterações urgentes na lei. “A atual política de drogas trouxe resultados desastrosos: de um lado, não se mostra suficiente para o combate ao tráfico de grandes proporções; de outro, é a principal responsável pelo profundo agravamento da superpopulação carcerária brasileira, o que contribui com violações de direitos humanos a ela associada e fortalece o crime organizado”, diz o documento.

O IBCCRIM se manifesta claramente contra a redução da maioridade penal, propõe soluções para acabar com o encarceramento em massa e aponta sugestões de mudanças no CPP (Código de Processo Penal), atualmente em tramitação no Congresso.

Por fim, no capítulo “Executivo e Políticas Públicas” o Instituto começa pedindo a erradicação da violência contra meninas e mulheres por meio da prevenção, do acolhimento das vítimas e da reação institucional.

O IBCCRIM também sugere controle geral no uso de armas, indo na contramão da atual política, a qual o Instituto entende como um verdadeiro desmonte do Estatuto do Desarmamento, que vem sendo esvaziado por meio de decretos.

O enfrentamento à corrupção também é tratado no documento, e o Instituto pede que o governo federal centralize as medidas e políticas públicas neste sentido, promovendo a disseminação de estruturas de autorregulação no setor público e no setor privado.

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