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Internet e smartphone são barreiras de acesso ao Pix

Instituto analisou gastos embutidos na utilização da ferramenta

O Instituto de Estudos Estratégicos de Tecnologia e Ciclo de Numerário (ITCN), que atua em defesa da segurança, melhoria contínua da prestação dos serviços de toda a cadeia e livre iniciativa do setor, acompanha e estuda os desdobramentos de todos os meios de pagamento.

Para entender a acessibilidade do Pix, meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, a entidade analisou a infraestrutura necessária para um cidadão transacionar neste meio.

Apesar de não ser cobrada, a transferência via Pix possui duas principais barreiras de ingresso:

1. Investimento em um smartphone, capaz de acessar aplicativos de instituições financeiras.  Em levantamento em marketplaces de compras eletrônicas o ITCN identificou que a opção mais barata disponível é um smartphone multilaser 32GB, de R$ 389,90. Como alternativa, o Instituto selecionou uma opção de entrada de marca de referência (Nokia), um smartphone Plus 32GB, de R$ 553,47. Ambas as alternativas de celulares têm a opção de pagamento a prazo em até 12 vezes, o que a princípio poderia facilitar sua aquisição. Mas esse prazo vem com um preço, os juros de 2,29% ao mês, totalizando R$ 450,34 e R$ 726,45, respectivamente.

2. É necessário adquirir pacotes de dados. O Instituto considerou o valor médio de R$ 20,00, já que, além do prazo de validade, o volume de dados é significativamente reduzido. O valor do plano controle, o mais barato da categoria telefônica, gira em torno de R$ 49,99, para as operadoras Vivo e Claro. Para a TIM, esse valor sobe para R$ 54,99.

De acordo com dados da pesquisa de orçamento familiar do IBGE (2019), o tamanho médio da família no Brasil é de três pessoas, com alguma diferença entre o núcleo urbano e o rural, onde as famílias tendem a ser maiores.

Unindo todos esses dados, isso implica um custo médio de R$ 38,76 ao mês por pessoa, no caso do smartphone mais barato, combinado a um plano pré-pago.[1] No caso de uma família com três indivíduos nessa mesma situação, esse valor sobe para R$ 116,28. No caso do smartphone mais barato da marca de referência, e com plano controle, esses valores vão para R$ 80,26 por pessoa,[2] e chegam ao montante de R$ 240,78 por mês, quase 20% do salário-mínimo atual.

Seguindo essa lógica, se determinado cidadão fizer apenas 8 transações de Pix por mês, cada uma delas custará R$ 10,00, considerando a infraestrutura mínima de acesso que ele precisa adquirir (smartphone e internet). Isso desconsiderando os desafios de telecomunicação enfrentados no País, mais de 30 milhões de pessoas que ainda são desbancarizadas e os analfabetos digitais.

O ITCN conclui que há barreiras de entrada para que a grande massa da população brasileira tenha acesso ao Pix e, mais do que isso, o cidadão paga de forma indireta para utilizar este meio de pagamento, uma vez que há a necessidade de infraestrutura mínima para acessá-lo.

[1] Este custo individual considerou o valor do smartphone mais barato (R$ 389), parcelado em 12x (conforme valores de site referência). Este valor foi, então, distribuído em 24 meses (considerando a vida útil do aparelho).  Acrescentou-se o custo mensal do Plano Pré-Pago para 30 dias (R$ 20).

[2] Este custo individual considerou o valor do smartphone de marca conhecida (R$ 553,47), parcelado em 12x (conforme valores de site referência). Este valor foi, então, distribuído em 24 meses (considerando a vida útil do aparelho).  Acrescentou-se o custo mensal do Plano Controle Mensal (R$ 49,99).

 

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