Notícias

Cigarros eletrônicos: suspensão de CNPJ pode ser ineficaz

Camelôs, sem cadastro de empresa, fazem a maior parte das vendas

22 de outubro de 2024

A Receita Federal anunciou que irá suspender o CNPJ de estabelecimentos comerciais que vendem cigarros eletrônicos e convencionais contrabandeados. A decisão busca conter o comércio ilegal desses produtos, especialmente os cigarros eletrônicos, que já foram proibidos pela Anvisa, mas continuam a ser vendidos de forma irregular no país.

Segundo o advogado André Félix Ricota de Oliveira, doutor em direito tributário e presidente da Comissão de Direito Tributário e Constitucional da OAB/SP – Pinheiros, a suspensão do CNPJ traz consequências severas para as empresas, que ficam impossibilitadas de emitir nota fiscal, participar de licitações ou obtenção de crédito e financiamento bancário.

Ainda assim, Oliveira pondera que a suspensão do CNPJ só pode ocorrer após o devido processo legal, garantindo ao comerciante a oportunidade de defesa. Segundo ele, o direito à livre iniciativa, previsto na Constituição Federal, só pode ser restringido após um processo administrativo com direito ao contraditório. “Ninguém pode ser privado de seus bens sem o devido processo legal”, reforça o tributarista.

Além disso, o advogado chama atenção para que a medida pode não surtir efeito, uma vez que pequenos comerciantes ou camelôs que atuam na informalidade, sem CNPJ, é que fazem esse comércio. Para Oliveira, o combate mais eficaz ao contrabando de cigarros eletrônicos deve se concentrar em ações de fiscalização nas fronteiras e na investigação de importadores ou fabricantes desses produtos ilegais.

Por fim, Oliveira alerta que, isoladamente, a suspensão de CNPJ não surtirá grandes efeitos na redução do comércio ilegal desses produtos. Ele defende que a medida deve ser complementada por ações na esfera da saúde pública e no campo criminal, para que haja um resultado mais expressivo no combate ao contrabando e ao comércio irregular de cigarros eletrônicos.

Notícias Relacionadas

Notícias

Shopping pode instalar lojas similares na mesma área

Contratos, no entanto, devem ser respeitados, diz STJ

Notícias

STJ decide que condomínio pode proibir aluguel pelo Airbnb

Última palavra sobre o assunto deverá caber aos ministros do STF